domingo, 3 de abril de 2011

Características linguísticas e perseptivas nos transtornos mentais infantis

CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS E PERSEPTICAS

Linguística
É um estudo científico da linguagem (língua e fala). Estuda a fonética (sons), fonologia (padrões dos sons- fonema), morfologia (estrutura interna das palavras), síntaxe (linguagem combinando com as palavras para formar frases gramaticais), semântica (frases e palavras que a integram), lexocologia (conjunto de palavras de um idioma), terminologia (conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas), estilísticas ( estilo na linguagem- vícius e elegâncias), pragmática (como as oralizações são usadas) e lilologia ( dos textos e das linguagens antigas).
Toda palavra que possui sentido é considerada signo linguístico. Podendo ser, sincrônica ( estuda a língua em um dado momento) e diacrônica (estuda a língua através dos tempos).

Perceptiva
Função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais a partir de histórico de vivências passadas (interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos- reconhecer, observar e discriminar). A percepção pode ser, visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil, temporal e espacial.
As características perceptivas, envolve um processo de organização e interpretação dos dados obtidos através dos sentidos (tamanho, movimento, posição e forma).
Os canais perceptivos incluem o visual, auditivo, olfativo e cinestésico. Quando há uma deficiência perceptiva, a criança apresenta distúrbio na aprendizagem devido a um distúrbio na percepção dos estímulos sensoriais.

Dificuldades de aprendizagem
Ao iniciar na escola, a criança traz consigo características biológica, psicológica e social. As dificuldades podem estar relacionadas com a linguagem falada ou escrita, podendo se manifestar por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos. Incluindo a essas condições, as deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento. O termo não engloba as crianças que tem problemas de aprendizagem resultantes principalmente de deficiência visual, auditiva ou motora, de deficiência mental, de perturbação emocional ou de desvantagens ambientais, culturais ou econômicas.
Alguns autores dividem as dificuldades de aprendizagem em primárias e secundárias de acordo com sua origem.
As dificuldades consideradas como primárias, englobam as disfunções cerebrais que seriam transtornos da leitura, da matemática, da expressão escrita, da linguagem expressiva e misto da linguagem (receptivo-expressivo).
As dificuldades consideradas secundárias, são aquelas que apresentam consequências de alterações biológicas e alterações comportamentais e emocionais.
Nas alterações biológicas (neurológicas), apontamos as lesões cerebrais, paralisia cerebral, epilepsia e deficiência mental, envolvendo também os sistemas sensoriais, que são, deficiência auditiva, hipoacusia, deficiência visual e ambliopia. Dentro das causas biológicas, ainda temos que citar outros problemas perceptivos que afetam a discriminação, a síntese, a memória e a relação espacial e visualização.
Em relação aos problemas de comportamento, um dos fatores mais marcantes para apresentar dificuldade de aprendizagem é o comportamento disruptivo que envolve TDAH, e o transtorno desafiador e opositivo.
Quanto aos problemas emocionais que levam as crianças a dificuldade de aprendizagem, o principal é a depressão infantil e a ansiedade de separação na infância.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, podendo estar presente no ambiente escolar, no ambiente familiar e não em alguns distúrbios neurológico.

Distúrbio da aprendizagem
A dificuldade na aprendizagem causam prejuízos importantes na vida da criança, reper cutindo na conduta disciplinar, no rendimento escolar e nas relações interpessoais. Quando não recebe a atenção devida, sofre grandes alterações na vida adulta, como indecisão, insegurança, incapacidade de escolhas, instabilidade, ausência de autonomia e uma grande imaturidade emocional.
Os distúrbios de aprendizagem observados com mais frequência na idade escolar, são, a dislexia, a disgrafia, a dislalia e a discalculia.
A dislexia é um distúrbio específico da linguagem caracterizada pela dificuldade em compreender palavras podendo assim definir como uma alteração de leitura.
A disgrafia consiste na relação entre o escutar e falar.
A dislalia é a omissão, distorção, substituição ou acréscimo de sons na palavra falada.
A discalculia se refere em aprender matemática.
Depressão infantil
Na depressão infantil, o sintoma principal que percebemos na dificuldade de aprendizagem, é quando há falta de interesse de toda atividade mental, provocando apatia, lerdeza, desmotivação com dificuldade em desenvolver tarefas cotidianas, perda de capacidade de raciocínio e de tomar decisões.

Deficiência Mental
Na deficiência mental, a gravidade seria classificado em quatro níveis, profundo quando a criança possui uma incapacidade total de autonomia, o QI inferior a 10 e há também crianças que vivem num mundo vegetativo. Grave, quando a criança adquire algumas habilidades desde que seja trabalhado, na comunicação consegue aprender de forma linear, necessitando de revisões constantes. Moderado, as crianças podem alcançar o nível pré-operatório, com necessidade constante de supervisão, podem ser capazes de adquirir hábitos de autonomia e realizar atitudes bem elaboradas. Leve é quando as crianças são educáveis, capazes de realizar tarefas mais complexas com supervisão.

TDAH
No TDAH, o sintoma principal é a desatenção, hiperatividade e impulsividade da criança, causando prejuízos na aprendizagem por não prestar atenção a detalhes, levando a erros grosseiros por falta de cuidado nas atividades desenvolvidas na escola. Elas não atendem solicitações ou instruções e não conseguem completar tarefas escolares ou outros deveres.
As alterações são muito intensas em relação a linguagem, aprendizagem e escolaridade. A elaboração e compreensão textual, encontram-se extremamente empobrecidas, sendo a principal queixa por parte da escola e dos pais.

Ansiedade
A ansiedade, também chamada de transtorno de ansiedade (TA) de separação, interfere na atenção da criança por ela apresentar uma ansiedade excessiva por se afastar de pessoas, objetos ou animais com um vínculo afetivo muito forte. Podendo também sofrer antecipadamente pelo fato da possibilidade de futura separação.
Qualquer alteração neuropsiquiátrica, funcional ou orgânica, pode comprometer o sistema sensorial periférico (surdez e cegueira), como o central (lesões cerebrais), assim comprometendo a aprendizagem.

Autismo
Transtorno invasivo de desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido, que se manifesta antes da idade dos 3 anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as áreas de interação social, comunicação e comportamento.
As crianças autistas, apresentam as seguintes características linguísticas, uso esteriotipado e repetitivo da linguagem, atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada. A crianças com fala adequada, apresenta acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou desenvolver uma conversação.
É indiferente as palavras e a qualquer som emitido por pessoas, porém pode dar atenção ao ruído de uma porta ou ao barulho de um avião.
Alguns autores, referem-se a vários tipos de dificuldade com relação a linguagem. Tais dificuldades significam tanto uma não aquisição da linguagem, como uma perda progressiva das vocalizações já adquiridas, ou ainda a persistência de manifestações verbais com características bem peculiares. Alguns autistas referem-se a si mesmos na 3ª pessoa, denominado como “fala ecolálica”, a conversa dessas crianças é um eco de tudo que lhe foi dito, registrando a limitação, ou mesmo a ausência da produção de frases espontâneas, nesses casos as palavras são repetidas exatamente na forma como são ouvidas, sendo reproduzidos as vezes, a entonação e o tom de voz dessas pessoas.
Dentre as explicações neuropsicológicas, algumas sustentam que o déficit linguístico dessas crianças dependeria de déficit de natureza cognitiva, as quais estariam ligados a alterações neurológicas de vários tipos. Uma dessas alterações seria o déficit nos neurotransmissores, o qual teria participação na dificuldade da criança de enviar sinais comprometendo assim seu desenvolvimento.
As anormalidades da linguagem se dão da seguinte forma, com repetição em eco das palavras que lhe são dirigidas, repetição de uma palavra ou um grupo de palavras sem significação afetiva, o uso da palavra “sim” representa uma dificuldade frequente, como se indicasse um envolvimento com outras pessoas, apresentam problemas na aprendizagem dos pronomes eu tu e nós, utilizando-os de maneira desorganizada, dificuldade de comunicação, mutismo, inversão pronominal (troca o eu por você) e incompreensão da língua figurativa.
A comunicação tanto verbal como não verbal, é deficiente e desviada dos padrões habituais. A linguagem pode ter desvios semânticos e pragmáticos. Muitas crianças autistas não desenvolvem a linguagem durante toda a vida.
As características perseptivas no autista são, riso e movimento inapropriado, pouco ou nenhum contato visual, não quer ser tocado, cheira ou lambe os brinquedos, aparente insensibilidade a dor, age como se estivesse surdo, dificuldade em usar input sensorial interno para fazer discriminação na ausência de feedback de respostas motoras e tendência a armazenar a informação visual, utilizando um código visual, hiperseletividade sensorial , otimização da estimulação sensorial, input sensorial e modulação da atenção.
As funções mais afetadas em relação a sensações são, a visão, a audição, o tato, o equilíbrio, o olfato e a gustação.

Síndrome de Asperger
Nas crianças com síndrome de asperger, a linguagem é correta mas pedante e esteriotipada. Na comunicação não verbal, apresentam voz monótona, pouca expressão facial, gestos inadequados.
Possuem uma boa memória mecânica e os seus interesses são especiais e circunscritos. Ao nível de coordenação motora, apresentam uma postura incorreta, movimentos desastrados e por vezes esteriotipias.

Esquizofrenia Infantil
A esquizofrenia na infância, são bastante frequentes as alterações relativas aos processamentos auditivo, visual e a estruturação da linguagem, principalmente a nível discursivo, havendo também déficits relacionados a compreensão e a elaboração da linguagem.
Dificuldades bastante importantes foram apontadas com relação a estruturação e a compreensão de frases, elementos do discurso e metáforas, que podem justificar muitas dificuldades sociais.
As principais alterações de linguagem observadas nessa patologia relacionam-se a uma produção vaga, concreta, repetitiva e esteriotipada com dificuldade na elaboração e compreensão de formas mais abstratas e complexas de expressão. Quanto a produção textual, tem sido destacadas dificuldades na organização hierárquica das sentenças, pouco uso de pistas coesivas, pouca organização temporal, auto uso de redundância e dificuldade na ordenação entre conceitos subordinados e superordenados, resultando numa produção de fala incoerente. Também tem sido relatadas alterações entre conteúdos textuais, causando prejuízos na compreensão e na estruturação discursiva. Falhas também tem sido observadas na memória autobiográfica e nas memórias episódica, semântica e lexical, além de lentidão dos processos cognitivos e baixa performance na memória como resultado dos processos de entrada de informação.

Transtorno Bipolar
Nas crianças que apresentam esse transtorno, foram observadas alterações a nível de atividade profundamente perturbado, flutuações relacionadas a auto-estima, a necessidade do sono, a produção e elocução da fala, fuga de ideias, distração e agitação psicomotora, alterações relacionadas a memória e a concentração, distração acentuada.

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