segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Comportamento Adolescente

A adolescência não é um fenômeno universal. Os antropólogos constatam que as sociedades tribais não passam por esse estágio, mesmo porque o advento do mundo adulto se encontra nitidamente marcado pelos ritos de passagem. Os rituais introduzem a criança no sistema de valores bem definidos do mundo adulto, não havendo ambigüidades a respeito dos direitos e deveres que o novo estado lhe acarreta.
Em nossa cultura, não só há o período de adolescência, como a tendência é ampliá-la cada vez mais, na medida em que o tempo de estudo aumenta, adiando a entrada no mercado de trabalho.
Torna-se cheio de contradições o espaço de tempo em que a pessoa, abandonando as características infantis ainda não assumiu as obrigações e responsabilidade da vida adulta.
De início o adolescente precisa elaborar algumas perdas do corpo infantil, do papel e identidade infantis, dos pais da infância. Não se reconhece mais no seu corpo, questiona-se a respeito da própria identidade.
Além disso, vive uma situação de ambigüidade, ao mesmo tempo que hostiliza os pais, deseja sua atenção. Por outro lado, também a atitude dos pais é ambígua, pois em certos assuntos esperam dos filhos o comportamento adulto e em outros momentos, tratam-nos como crianças.
Na infância há várias alterações no desenvolvimento infantil, mas nenhuma é tão crucial como a da adolescência, não se trata de pequenas mudanças quantitativas, mas de um salto qualitativo, que traz certa perplexidade ao adolescente.

AMADURECIMENTO PSICOLÓGICO

Alguns especialistas acreditam que a adolescência nos dias atuais pode se estender em muitos casos até a faixa dos trinta anos.
Winnicott, psicanalista inglês, refere-se ao contexto da adolescência dentro da teoria do amadurecimento pessoal, enfatizando o rearranjo psíquico que ocorre de acordo com os padrões organizados na primeira infância e apresentando algumas características dessa fase, como a imaturidade e o isolamento. Outros elementos são articulados, como a luta para sentir-se real, a repulsa pelas falsas soluções, as fantasias inerentes às escolhas objetais e os problemas que daí decorre. Articula-se o papel dos pais e professores como fundamental para a contenção e fornecimento de realidade.
Apresenta-se a problemática da distinção das patologias que se confundem com a adolescência normal e a relação destas com as tendências anti-sociais.
Segundo a teoria de winnicott, o seu humor pode se desenvolver através de uma tendência inata a integração e ao amadurecimento. Porém, nada se realiza sem uma provisão ambiental suficientemente boa, que estabelece com a genética um entrelaçamento complexo.
O adolescente repete a batalha do bebê, torna-se apto a se relacionar com objetos fora de seu controle mágico, reconhecendo objetos que não são parte dele.
A luta do adolescente concentra-se em descobrirem-se em seus elementos destrutivos e amorosos. Discutem-se algumas características da sexualidade do adolescente, bem como de suas fantasias agressivas. A imaturidade desse período é considerada como germe das mudanças da sociedade e é enfatizada como algo necessário, que só o tempo pode curar. Algumas peculiaridades do adolescente, como a luta para sentirem-se reais e a recusa de falsas soluções são discutidas como elementos a mais no desafio que o adolescente oferece a seus pais.
A adolescência para winnicott, é uma fase de crescimento normal que compreende a puberdade e suas inerentes mudanças sexuais, bem como a busca do adolescente em tornar-se adulto. Nessa fase há um quadro confuso, em que ocorre a oscilação entre dependência e arrogância em relação aos pais e a sociedade.
O modo como o adolescente enfrenta as mudanças e lida com as ansiedades decorrentes das mesmas, baseia-se no padrão organizado desde os primeiros tempos da infância. Esse padrão é uma boa parte inconsciente e também marcado por aquilo que a criança não viveu. Assim os sucessos e os fracassos do bebê e da criança em lidarem com seus sentimentos retornam para acomodar-se. Já a criança bem cuidada chega a adolescência com um método para atender aos novos sentimentos, tolerar situações de apuro e rechaçar situações que envolvam ansiedades intoleráveis. O fato dos pais terem fornecido um bom início, não implica a ausência de problemas. Há uma longa luta na qual os pais precisam sobreviver.

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